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Vanguarda
              Operária

  outubro de 2020

Coronavírus no Brasil:
Um desastre capitalista

 
Ato do Comitê de Luta Classista, da União da Classe Trabalhadora do Sul Fluminense e da Liga Quarta-Internacionalista do Brasil no Primeiro de Maio 2020 exige expropriação do escritório central da CSN, que se encontra abandonado, para conversão em hospital de campanha para tratamento de pacientes doentes de COVID-19. (Foto: CLC)

Reproduzimos em seguida parte do informe dado pela nossa camarada Laura, militante brasileira do Internationalist Group, seção norte-americana da Liga pela Quarta Internacional, e dos Trabalhadores Internacionais Classistas em 26 de maio deste ano no Frequência Operária Internacionalista (programa semanal de rádio, em espanhol, do Grupo Internacionalista, seção mexicana da LQI).

Esta semana o Brasil alcançou o segundo lugar entre países com mais casos de COVID-19, atrás somente dos Estados Unidos. Hoje, há mais de 370 mil casos confirmados e cerca de 23 mil mortes devido à esta doença. [Atualmente, em 25 de outubro, há mais de 5,3 milhões de casos confirmados e cerca de 157.000 mortos. E o Brasil segue sendo o segundo país mais afetado pela mortífera pandemia de coronavírus.] 

De acordo com relatórios parciais por parte de alguns municípios, o sistema hospitalar já colapsou em diversos lugares. Os hospitais colapsaram principalmente nas regiões operárias e com maior população de baixa renda nos grandes centros urbanos. O mesmo também ocorre em comunidades rurais e indígenas no norte do país. Os hospitais dessas zonas foram os primeiros a colapsar por três razões principais: 1. Porque já possuíam poucos centros de saúde pública; 2, pelo fato de que o governo federal de Jair Bolsonaro não pagou a verba de emergência que iria para os centros de saúde pública destes locais; e 3, porque concentram uma maior quantidade de trabalhadores que são obrigados a seguir trabalhando mesmo durante esta crise sanitária.

Um exemplo importante para entender esta situação é a cidade de Manaus na região amazônica. Manaus tem a zona franca onde muitas empresas estrangeiras constroem suas fábricas em troca de incentivos fiscais. Esta cidade liderou o número de casos de COVID 19 no país por várias semanas porque as grandes companhias, como por exemplo as empresas automotoras gigantes como a Yamaha e Harley Davidson, se recusaram a fechar suas fábricas. Houve também outros casos como o da companhia Honda: suas fábricas foram fechadas, mas os trabalhadores foram enviados a casa sem receber seus salários e, muito provavelmente, tiveram que realizar outras atividades de trabalho informal para poder sobreviver. Vale ressaltar também que há um interesse político em esconder os verdadeiros números dessa crise.

Como sabemos, o governo federal de Bolsonaro – assim como os governos locais e também o governo frente-populista anterior comandado pelo PT com Lula e Dilma – defende incondicionalmente a burguesia capitalista. Hoje os capitalistas exigem que a indústria e o comércio sigam funcionando normalmente e que se cancelem as medidas de distanciamento social que minimizam a transmissão do coronavírus. E uma parte importante desse plano está em ocultar os números desta epidemia.

Além disso, os patrões também convocam protestos contra o distanciamento social e a favor da reabertura da economia. Como resultado disso, temos milhões de trabalhadores explorados que são obrigados a seguir com sua jornada diária de trabalho. Estes trabalhadores estão expostos ao COVID19 em seus lugares de trabalho, os quais não oferecem medidas sanitárias adequadas já que há uma completa ausência de equipamentos de proteção pessoal e a limpeza e desinfecção de instalações é inexistente. Estes trabalhadores também estão expostos à doença durante o caminho ao trabalho e na volta à casa, já que dependem do transporte público, como ônibus e trens, nos quais viajam centenas de pessoas amontoadas.

E que lições aprendemos durante esta crise sanitária? Uma vez mais, o que vemos que os políticos burgueses e os patrões se importam exclusivamente com seus lucros. Eles exigem que os trabalhadores sejam sacrificados, e até mesmo que tenham que pagar com suas próprias vidas. O que necessitamos urgentemente é de um movimento operário que se baseie no programa de lutas de classes. Uma perspectiva dessa luta foi apresentada por nossos companheiros e companheiras do Class Struggle Workers Portland (Trabalhadores Classistas de Portland, Oregon) nos Estados Unidos em sua convocatória para realizar ações operárias mediante a crise do coronavírus. Em março, estes companheiros apresentaram uma série de reivindicações para exigir a formação de comitês de saúde e segurança que representassem os trabalhadores. Também insistiram em que os trabalhadores recebessem equipamentos de proteção pessoal que eles mesmos decidam, e que é preciso lutar a favor do pagamento integral dos salários para todos os trabalhadores que não podem seguir trabalhando devido ao vírus.

Também devemos seguir o exemplo das companheiras trabalhadoras da indústria alimentícia do Vale de Yakima, no estado de Washington, nordeste dos Estados Unidos, que estão realizando greves e linhas de piquetes massivos que demonstram o poder que tem a classe trabalhadoras. Por último, devemos deixar claro que o sistema capitalista constitui um perigo iminente para a vida de trabalhadores, da população pobre e de toda a humanidade em geral. Uma vez mais, necessitamos construir um partido operário revolucionário que lute por um governo operário e camponês para expropriar de vez a burguesia através de uma revolução socialista internacional. ■