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Nº 1, julho/setembro de
1996
Liga Quarta-Internacionalista
do Brasil:
quem somos e o que queremos
A seguinte matéria do primeiro número de Vanguarda
Operária explica a evolução da LQB, que dois anos
depois foi uma das seções fundadoras de nossa Liga pela Quarta
Internacional. (Veja a "Declaração da Liga pela Quarta Internacional".)
Falando das tarefas da revolução proletária, Trotsky
escreveu: "Para levar a cabo eficazmente todas estas tarefas são
necessárias três condicões: o partido, o partido, e
uma vez mais o partido" ("A revolução espanhola e as tarefas
dos comunistas", janeiro de 1931). Se a crise da humanidade se reduz à
crise da direção revolucionária, a questão
central para os revolucionários no Brasil hoje é a necessidade
de construir um partido trotskista, que luta por converter-se na direção
da classe operária e atua como "tribuno do povo", mobilizando a
força do proletariado contra todo tipo de opressão na luta
por uma sociedade sem classes. Forjar o núcleo deste partido e a
tarefa que está na ordem do dia para a Liga Quarta-Internacionalista
do Brasil (LQB), que surgiu do agrupamento Luta Metalúrgica.
A LQB luta pelo programa trotskista da revolução permanente.
Lutamos pela intransigente oposição proletária à
colaboração de classes da frente popular, dizendo: nenhum
voto a nenhum candidato das frentes populares. Isto foi motivo primordial
de nossa ruptura com a Causa Operária, que votou no Lula, candidato
da Frente Brasil Popular. Contra a tradicional "cegueira" da esquerda brasileira
sobre a oppressão do negro e da mulher, enfatizamos que a luta contra
esta oppressão é uma questão estratégica para
o proletariado, porque não se pode unir o proletariado numa revolução
socialista neste país sem uma luta ativa e bolchevique da vanguarda
proletária sobre esta questão. Em contraste com os traidores
pseudo-trotskistas que se uniram à campanha burguesa que levou a
contra-revolução capitalista à URSS e o Leste Europeu,
defendemos a posição quarta-internationalista da defesa militar
incondicional dos estados operários deformados contra o imperialismo
e a contra-revolução, junto com a luta pela revolução
política proletária para tirar as burocracias estalinistas
e estabelecer a democracia operária e o internacionalismo revolucionário.
Contra os "nacional-trotskistas" e outros capituladores ao nacionalismo
da classe dominante, lutamos pelo internacionalismo de Lenin e Trotsky,
pelo reforjamento da Quarta Internacional, genuinamente trotskista e democrático-centralista,
partido mundial da revolução socialista. A burguesia grita
que "o comunismo morreu". Mas o comunismo vive na luta de classes e no
programa trotskista da revolução mundial.
O partido que necessitamos não será um partido "brasileiro".
O socialismo só poderá vencer ao nível internacional,
e para isso precisamos de um partido internacional, baseado sobre o programa
internacionalista da revolução permanente. A Quarta Internacional
fundada por Leon Trotsky foi destruída em 1951-53 pelo revisionismo
pablista, que traiu a luta por uma direção de vanguarda proletária
independente para dirigir a revolução socialista mundial.
O partido trotskista norte-americano SWP que tinha dirigido (embora tardiamente)
a luta contra o pablismo, degenerou-se no começo dos anos 60; conforme
o isolamento nacional prolongado e as pressões do período
de caça às bruxas de Joseph McCarthy tinham minado sua energia
e determinação revolucionária, se orientava para forças
de classes alheias. O SWP saudou a liderança pequeno-burguesa guerrilheirista
de Castro em Cuba e fez seguidismo atras da liderança existente
do movimento pelos direitos civis (movimento contra a discriminação
racial), recusando lutar por uma vanguarda proletária revolucionária
que dirigiria as lutas contra o imperialismo e contra o racismo sobre uma
base classista. Isto preparou a sua fusão com o pablismo para fundar
o Secretariado Unificado em 1963. A Tendência Revolucionária
se opôs a esta liquidação do partido revolucionário
e foi expulsa burocraticamente do SWP, fundando a Spartacist League/U.S.
Lutando para se estender internacionalmente, fundou a tendência espartaquista
internacional que se chama hoje a Liga Comunista Internacional (Quarta-Internacionalista).
Assim a LCI assumiu a luta e durante muitos anos tem representado a
continuidade histórica do trotskismo, do partido da Revolução
Russa. A LQB/Luta Metalúrgica ligou-se a essa continuidade internacionalista
ao rompermos com a herança nacionalista que é o pão
de cada dia das várias correntes "nacional-trotskistas" no Brasil
e outras partes de América Latina e fazermos a Declaração
de Relações Fraternais com a Liga Comunista Internacional
em setembro de 1994. Seguimos no caminho assinalado nessa Declaração,
apesar do vergonhoso rompimento das relações fraternais pela
LCI e sua fuga da luta de classe empreendida sobre pontos centrais do programa
que diz colocar (veja a matéria "Princípios básicos").
Crise de direção
No Brasil como em todo o mundo, a questão chave é a crise
da direção proletária. Isto se mostra de uma forma
muito clara dentro da atual conjuntura política nacional e internacional.
"Depois da contra-revolução capitalista que destruiu as conquistas
das economias planificadas na URSS e na Europa Oriental, no Brasil como
ao redor do mundo, a classe operária passa por uma conjuntura difícil.
Os capitalistas querem arrancar todos os direitos e conquistas da classe
trabalhadora, como estabilidade do emprego, carteira de trabalho, etc.
Mas isso só é possível com a colaboração
dos traidores" (Luta Metalúrgica, fev./março de 1996).
E como escrevemos na Declaração de Relações
Fraternais: "No Brasil a esquerda está impregnada com o nacionalismo
e o reformismo frente-populista. No momento atual suas várias correntes
se competem uma com a outra para ver quem pode capitular melhor à
Frente Brasil Popular (FBP), a coligação aberta do PT do
Lula com políticos da burguesia. Esta frente faz todo o possível
para desmobilizar os explorados e oprimidos neste país, o qual tem
um proletariado altamente combativo e se encontra em uma situação
de profunda turbulência social. Os burocratas sindicais e seus assessores
esquerdistas insistem que em vez de lutar os trabalhadores devem 'esperar'
a eleição do Lula e não 'atemorizar' seus aliados
burgueses."
O populismo nacionalista dominou a "esquerda" brasileira desde a ditadura
de Getúlio Vargas, que surgiu nos anos de ascensão do fascismo
na Europa e cuja "Consolidação das Leis Trabalhistas" copiou
a "Carta del Lavoro" de Mussolini. O nacionalismo burguês populista
perpassou a vida política no Brasil dos anos 30 aos anos 60, praticamente
até a véspera do golpe militar de 1964, quando João
Goulart, outro populista varguista, também fracassou com suas "reformas
de base", plataforma principal de sua frente popular que recebeu grandiosa
colaboração do PCB e de Luís Carlos Prestes. A bancarrota
do nacionalismo burguês foi mostrada mais uma vez e de forma contundente
sob a liderança de Brizola, herdeiro político do varguismo.
Mas o populismo varguista não foi o único instrumento
para subordinar o proletariado brasileiro. A frente popular, "aliança"
de colaboração de classes para amarrar o proletariado a seus
exploradores, foi formulada pelo estalinismo desde o VII Congresso (1935)
da Internacional Comunista, indo junto com o dogma anti-internacionalista
do "socialismo em um só pais". Esta traição seguiu
à derrota da revolução chinesa de 1925-27 devido à
subordinação do Partido Comunista chinês ao Kuomintang
de Chiang Kai-shek e o triunfo de Hitler em 1933 quando os estalinistas
e social-democratas deixaram o nazismo tomar o poder sem dar um só
tiro. No Brasil, como em tantos outros países, a frente popular
tem significado derrotas terríveis para a classe operária.
Esta linha se materializou neste país se inspirando no Kuomintang
e buscando exemplo no movimento "tenentista" de 1922/24 resgatado pela
"Coluna Prestes" que tinha como principal palavra-de-ordem "lutar por uma
revolução democrática, agrária e anti-imperialista".
Os prestistas orientados pela Terceira Internacional entregaram a direção
política nas mãos de militares putschistas e pequeno-burgueses
que prometiam não tocar a propriedade privada dos meios de produção.
Todavia devemos registrar a luta política histórica, pioneira,
heróica e exemplar dos trotskistas brasileiros que deram exemplo
de como lutar contra o fascismo brasileiro dos integralistas combatendo
e expulsando os mesmos da Praça da Sé com milícias
operárias e uma tática de frente única em outubro
de 1934, episódio que ficou historicamente conhecido como "a revoada
das galinhas verdes". Contudo, os trotskistas dos anos 30 atuaram equivocadamente
na "esquerda" da Aliança Nacional Libertadora quando esta veio a
se constituir em 1935.
Novamente, a política frente-populista desarmou o proletariado
frente à preparação do golpe militar de 1964. Durante
mais de duas décadas da ditadura, os militares estabeleceram o "sindicalismo"
corporativista, com seu "imposto sindical" e outros mecanismos de controle
pelo estado burguês. Logo, como escrevemos há dois anos: "Depois
da onda de greves durante a agonia do regime militar, muitos sindicalistas
combativos pensaram construir uma expressão política independente
da classe operária. Como ativistas sindicais nós da Luta
Metalúrgica jogávamos um papel dirigente no início
do PT regional (Volta Redonda). Porém a direção lulista,
influenciada pela Igreja, a Social Democracia européa, etc., impôs
o reformismo no PT desde o princípio. Experiências duras mostraram
que o reformismo significa apunhalar os explorados e atraiçoar os
seus interesses. Em todo o país o PT, a burguesia e a CUT ajudam
a manter o salário mínimo de fome e recusam mobilizar os
sindicatos em lutas eficazes contra o racismo. Quando o regime estava cambaleando,
o PT fez todo o possível para assegurar que a mobilização
do 'Fora Collor' não se convertesse em um movimento para destruir
este sistema capitalista de corrupção e opressão.
Quer dizer, o PT reformista ajuda a manter o domínio capitalista"
(folheto da LM, Por um reagrupamento revolucionário, setembro
de 1994).
Luta Metalúrgica surgiu a partir do ascensão do movimento
operário brasileiro na década de 80 se delimitando paulatinamente
deste quando analisou do ponto de vista do marxismo a cooptação
de quase toda uma geração de novos dirigentes que surgiram
sob o impulso das lutas, no curso deste ascenso, e transformaram-se, em
sua maioria, em dirigentes sindicais e políticos a partir de 1979.
Estes ativistas vêm se tornando uma camada cada vez mais acomodada
às custas de pesados impostos sindicais e ocupações
em postos na burocracia sindical e nos organismos estatais (executivos,
judiciário, parlamentar, etc). Estes "dirigentes" estão encastelados
no PT, na CUT, nos partidos e organizações que compõem
a frente popular. O PT, que surgiu durante as greves de massas no começo
dos anos 80, desde sua origem nunca foi além do reformismo. Mas
de uma forma cada vez mais descarada, a partir do III congresso da CUT
e do V encontro do PT, que definiram cabalmente pelo programa frente-populista,
estas lideranças golpeiam quaisquer manifestações
de independência de classe, subordinando-se abertamente ao estado
burguês.
Isto ocorre com a cumplicidade de "esquerdistas" e pseudotrotskistas,
desde os mandelistas (Democracia Socialista) e lambertistas (O Trabalho),
componentes da burocracia petista, e os morenistas (PSTU) que eram parte
da Frente Brasil Popular de Lula, até os altamiristas de Causa Operária
que deram seu apoio "crítico" a esta coligação de
colaboração de classes com sua chamada de votar no Lula.
Entretanto, a TPOR chama por uma frente popular como a que fez o centrista
boliviano Guillermo Lora com o ex-presidente burguês J.J. Torres
em 1971 (a "Frente Revolucionária Anti-imperialista") e a chamada
"Liga Bolchevique Internacionalista" defende o voto no Lula em 1989 (mas,
por razões de conjuntura, não em 1994), ao tempo que assessora
a fração pró-policial no sindicato municipal de Volta
Redonda. Só a LQB defende a posição trotskista de
opor-se a votar em nenhum partido ou candidato das frentes populares. Nos
baseamos nas lições escritas com sangue dos operários,
desde Espanha e França nos anos 30 até Indonésia em
1965 e Chile em 1973, onde a frente popular estrangulou a revolução
proletária e preparou o caminho para a reação.
Trajetória de LM e seu desenvolvimento revolucionário
Nós militantes de Luta Metalúrgica (agora LQB) temos lutado
durante anos para mobilizar os metalúrgicos e demitidos contra os
ataques da burguesia e a política de colaboração de
classes. No curso destas batalhas temos visto a necessidade de un programa
classista revolucionário e uma organização do partido
de vanguarda para guiar a luta libertadora do proletariado. Por isso há
muito tempo decidimos ir mais além do sindicalismo e participar
na construção do partido que se necessita urgentemente para
dirigir a revolução socialista, cujo programa se encontra
nas teses da Quarta Internacional.
Trotsky sublinhou a concepção básica do bolchevismo
sobre os sindicatos da seguinte forma em seu artigo "Comunismo e sindicalismo"
(outubro de 1929):
"A relação entre o partido, que representa o
proletariado como deveria ser, e os sindicatos, que o representam tal como
é, é o problema mais fundamental do marxismo revolucionário....
"A Oposição de Esquerda afirma que é impossível
influir no movimento sindical, ajudá-lo a encontrar uma orientação
correta, imbuí-lo de palavras-de-ordem corretas, senão através
do Partido Comunista (ou, no momento, de uma fração) que
é, além de seus outros atributos, o principal laboratório
ideológico da classe operária.
"Entenda-se bem: a tarefa do Partido Comunista não consiste somente
em ganhar influência nos sindicatos tais como são, mas em
ganhar, através dos sindicatos, influencia na maioria da classe
operária."
Só o partido revolucionario pode derrotar a política traidora
da burocracia sindical que serve os interesses da classe dominante para
manter o sistema capitalista de exploração, repressão
e racismo.Esta é tarefa dos revolucionários, mediante a luta
pelo programa marxista, contra os frente-populistas que dirigem a CUT e
também contra os pelegos da Força Sindical, federação
abertamente pró-patronal que cresce cada vez mais devido às
capitulações da liderança cutista e seus ideólogos
do PT reformista.
"Nós camaradas de Luta Metalúrgica fomos incorporados
à organização Causa Operária (CO), um dos grupos
mais esquerdistas que se identificam como trotskistas, no período
das eleições de 1989 porque nos opúnhamos à
formação da Frente Brasil Popular com políticos burgueses
e acreditávamos [camaradas da Luta Metalúrgica] que essa
corrente representava uma oposição revolucionária
ao frente-populismo. Quando a Articulação expulsou a CO,
nós fomos o primeiro alvo do expurgo. Mas com a experiência
das lutas, discussão e estudo temos visto que CO está muito
distante de ser uma organização verdadeiramente trotskista.
Já em 1989, causou muita confusão sua linha de votar em Lula,
quando a colaboração de classes do PT se determinou não
somente em seu programa, mas também em seu candidato a vice (o político
burguês Bisol) e sua aliança com o PDT e PSDB. CO deu uma
cobertura de esquerda à Frente Popular que prefigurava a linha de
hoje" (Por um reagrupamento revolucionário).
Outro ponto fundamental em nosso rompimento com todos os pseudotrotskistas,
incluindo CO, foi sua tradicional "cegueira" ante a questão da opressão
do negro e da mulher. Seria impossível unir o proletariado para
a revolução socialista sem uma luta ativa do partido de vanguarda
para mobilizar a força da classe operária contra a dupla
opressão. Além disso, esta é uma das lições
principais da Revolução de Outubro, como explicou James P.
Cannon, fundador do trotskismo nos EUA, em seu ensaio "A Revolução
Russa e o movimento negro norte-americano" (1961, texto traduzido pela
LQB). Cannon assinalou que foram os bolcheviques russos que insistiram
na necessidade de atenção especial da vanguarda revolucionária
à luta contra a opressão dos negros, e enfatizou: "Os negros,
mais que ninguém neste país, têm direito e motivo para
ser revolucionários. Um partido operário honesto da nova
geração reconhecerá este potencial revolucionário...e
chamará por uma aliança combativa do povo negro e o movimento
operário em uma luta revolucionária em comum contra o sistema
social existente." Sob a liderança do partido revolucionário,
a questão da opressão racial se resolverá "da única
maneira em que pode ser resolvida: mediante uma revolução
social". Esta colocação, feita sobre Estados Unidos, é
válida para o Brasil também. Lutamos pela integração
racial revolucionária numa sociedade socialista igualitária.
Assinalamos no folheto Por um reagrupamento revolucionário:
"Nossa luta interna [dentro da Causa Operária] começou
contra o fato de que CO recusa combater a opressão dos negros e
mulheres.... Mediante a discussão e debate vimos que a luta contra
a opressão dos negros e mulheres são questões estratégicas
para a vanguarda proletária no Brasil, como parte da Revoluçao
Permanente. A opressão racial serve para a reproduçao da
mão-de-obra barata e controlada para sua super-exploração,
um dos 'segredos' mais importantes do capitalismo brasileiro. A única
forma de unir a classe operária na luta revolucionária é
com um combate ativo contra a opressão especial e os preconceitos
burgueses que dividem os trabalhadores e envenenam sua consciência.
E necessário mobilizar a classe operária (brancos, negros,
mulatos, de todas as etnias) em ação contra massacres dos
meninos e meninas de rua e assassinatos de ativistas, pela autodefesa operária,
contra a opressão dos homossexuais e o massacre contra os índios.
"Por isso o partido operário revolucionário deve
ser, nas palavras de Lenin, o 'Tribuno do Povo' que mobiliza a força
do proletariado contra todo tipo de opressão e discriminação.
Mas quando traçamos estas posições básicas
do leninismo, CO acentuou sua linha de cegueira ante a opressão
especial, linha que faz eco da estreita posição 'trade-unionista'
da burocracia cutista e a esquerda nacionalista pequeno-burguesa. Isto
reflete não somente o mito da 'democracia racial', mas também
revela a fundo os apodrecidos valores sociais da classe dominante que pisoteia
os oprimidos, dizendo que eles não são nada mais que lixo."
A posição antileninista sobre estas questões é
compartilhada pelas outras correntes da "esquerda" brasileira. Entretanto,
desde FHC até a esquerda reformista, todos tentam explorar a figura
de Zumbi, mas a realidade é que Zumbi representou a revolta negra
contra os exploradores capitalistas e o regime colonial de seu tempo. Só
falta acrescentar que para encobrir-se ante nossa crítica, CO agora
faz seguidismo não só atrás dos liberais pregadores
do mito da "democracia racial" brasileira, mas também trás
o pseudonacionalismo negro, com colocações que vão
contra as bases mesmas do leninismo e só podem desviar a luta contra
a opressão racista.
A evolução política de Luta Metalúrgica
levou a que esta rompesse com o terceiro-mundismo da esquerda pequeno-burguesa
latino-americana ultrapassando a linha do equador e buscando identidade
intemacionalista com a Declaração de Relações
Fraternais com a LCl, que ainda nos serve como princípios básicos
apesar do abandono deste documento fundamental pela LCI.
É crucial enfatizar que, sem a luta por estender-se às
"metrópoles" imperialistas, uma revolução na América
Latina não poderia sobreviver; esta é um aspecto fundamental
da revolução permanente. Outro é a questão
da terra, cujo caráter candente foi mostrado mais uma vez pela chacina
de Eldorado de Carajás, acontecida em abril deste ano. A teoria
da revolução permanente coloca que só a ditadura do
proletariado, apoiada pelos camponeses pobres, pode resolver as tarefas
democráticas e agrárias que ficam pendentes nos países
de desenvolvimento capitalista tardio. Isto foi demostrada na prática
na Revolução Bolchevique, e pela negativa pelo fracasso dos
movimentos camponeses que não tinham liderança proletária,
entre eles os movimentos de Antônio Conselheiro no Brasil e Emiliano
Zapata no México. Rejeitamos a palavra-de-ordem reformista da "reforma
agraria" colocada por variós pseudotrotskistas (entre eles a LBI)
e chamamos pela revoluçao agraria, sob liderança proletaria,
como parte da revolução permanente.
Cinco passos importantes ajudam a confirmar a evoluçao revolucionária
de Luta Metalúrgica, a saber:
1) Rompimento com Causa Operária em julho de 1994 e a campanha
por "nenhum voto a nenhum candidato da frente popular" (setembro de 1994);
2) Relações fraternais com a LCI;
3) Empenho na campanha de "Salvar a vida de Abu-Jamal";
4) Campanha baseada no programa classista nos metalúrgicos
do Sul fluminense e municipários de Volta Redonda;
5) Luta pela desfiliaçao dos guardas municipais do sindicato
dos trabalhadores municipais de Volta Redonda.
Duas rupturas mencheviques com o altamirismo
Nos últimos anos, mais além da Luta Metalúrgica/LQB,
dois agrupamentos romperam à esquerda do altamirismo (a corrente
da Causa Operária, dirigida politicamente pelo Partido Obrero argentino
de Jorge Altamira), a saber: a TPOR (Tendência pelo Partido Operário
Revolucionário) em 1988, que se tornara seguidor de Guillermo Lora:
e a LBI que recentemente integra uma corrente junta com o PBCI da Argentina.
Os loristas acusam CO de serem frente-populistas mas a "divergência
política" entre loristas e altamiristas se circunscreve abaixo da
linha do equador, ou mais precisamente nos limites do "nacional-trotskismo".
Durante muitos anos Altamira serviu como publicista de Lora, Altamira lhe
ajudou a "teorizar" a infame "Frente Revolucionária Anti-imperialista",
uma frente popular "justificada" pelo tipo de posição manejada
por Stalin e Bukharin para defender a linha menchevique de subordinar os
comunistas chineses aos supostos "anti-imperialistas" do Kuomintang em
1927.
A outra ruptura de CO foi o seu grupo do Ceará, que saiu para
formar a Liga Bolchevique Internacionalista (LBI). Este grupo "rompeu"
com CO somente sob o impacto do rompimento de Luta Metalúrgica em
julho de 1994. Mas onde LM disputou sobre questões de princípios
em relação à frente popular, a questão do negro
e da mulher, e a questão russa, o grupo de Ceará queria disputar
sobre "críticas" administtrativas. Depois, o grupo do Ceará
criticou o voto de CO no Lula em 1994, ao mesmo tempo que defendeu o voto
no Lula em 1989, alegando que nesse ano a FBP foi "só" uma frente
com a burguesia nacional e não o FMI! Em contraste, a LM defendeu
a posiçao principista da oposição proletária
a todas as frentes populares, nenhum voto por nenhum dos seus candidatos.
Contra a posiçao da LM/LQB do que a opressão dos negros
e das mulheres são questões estratégicas para a revolução
neste país, e seu combate leninista pela mobilização
do proletariado contra todo tipo de opressão, a LBI (ecoando os
vaIores sociais de "sua" burguesia) cospe na defesa de negros, mulheres,
homossexuais, índios contra os opressores burgueses. Hoja a LBI
maneja sue suposta defensismo dos estados operários deformados como
principal cartão de visitas para encobir o seu centrismo e atrair
os desavisados. Mas frente às campanhas reacionárias e anticomunistas,
a LBI capitula à histeria anti-soviética sobre Polônia,
Afeganistão, etc. O "esquerdismo" da LBI tem-se revelado como a
hipocrisia mais suja com sua assessoria descarada à fração
pró-policial de Artur Fernandes no sindicato dos trabalhadores rnunicipais
de Volta Redonda. Fica perfeitamente claro que este grupo, junto com sua
"corrente internacional" (CBQI), não tem nada de bolchevique nem
internacionalista e não tem nada que ver com a Quarta lntemacional
de León Trotsky.
Hoje o PT e sua Frente Brasil Popular, e organizações
que vendem suas mercadorias na sombra da frente popular, o PSTU e CO com
seus satélites centristas também mencheviques, a LBI e TPOR
(cada um a seu modo cumprindo uma função na divisão
de tarefas), ajudam a construir um beco sem saída para o proletariado
brasileiro. Mas no Brasil, país semi-colonial caracterizado pelo
desinvolvimento desigual e combinado, e com um proletariado grande e combativo,
as teses da revolução permanente de Trotsky mostram o caminho
para o proletariado e todos os oprimidos. A tarefa urgente é romper
com a frente popular e a política do nacionalismo pequeno-burguês
em todas suas variantes, para forjar um grupo trotskista de propaganda
lutador, núcleo do partido operário revolucionário
e internacionalista
A LIGA QUARTA-INTERNACIONALISTA DO BRASIL (LQB) nasce da evoluçao
da Luta Metalúrgica como uma organizaçao que buscará
incansavelmente construir este partido. Tal partido trotskista no Brasil,
com um forte componente negro em sua direção, teria um impacto
importante não só neste país mas internacionalmente,
desde Harlem até Johannesburg. Lutamos por um governo operário
e camponês como parte dos Estados Unidos Socialistas de América
Latina e pela extensão da revolução a nossos irmãos
de classe nas "entranhas do monstro" na América do Norte, Europa,
Japão e no mundo inteiro. Vamos adiante para construir o núcleo
do partido trotskista, na luta para reforjar a Quarta Internacional, partido
mundial da revolução socialista. Una-se conosco!
E-mail: internationalistgroup@msn.com
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