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fevereiro de 2012

Toda honra a nossa camarada Marília,
poeta lutadora e comunista
(1949-2012)

A camarada Marília em 2005.
(Foto: Vanguarda Operária)

Infelizmente a camarada Marília Costa Machado faleceu hoje, 15 de fevereiro de 2012,  por volta das 18hs. Ela estava enferma, internada desde 26 de dezembro de 2011 com crise de diabetes.

Hoje ela não resistiu a primeira seção de hemodiálise.

Foi uma perda irreparável de uma camarada comunista que durante sua carreira de mais de 30 anos no magistério fluminense, militou na vanguarda do Sindicato Estadual de Profissionais da Educação-Rio de Janeiro (Sepe-RJ) desde sua fundação. Nunca furou uma greve sequer, mesmo nas lutas mais difíceis contra a ditadura militar.

Nenhuma conquista deste sindicato passou despercebida desta corajosa mulher negra, prestigiada professora que inclusive foi honrada pelos seus colegas que deram à biblioteca do CIEP Vital Brasil em São Gonçalo (RJ) o seu nome. Marília foi diretora do Sepe e como escritora publicou dois livros com edição agora esgotada.

No ano 1997, Marília foi nomeada poeta musa da cidade de Rio de Janeiro, principalmente por seus poemas contra a ditadura militar.

Para ler uma coletânea de alguns dos poemas de Marília, junto com fotos, clique aqui.

Desde 2003 passou a ser filiada à Liga Quarta-Internacionalista do Brasil (LQB) e ao Comitê de Luta Classista. Sua militância política exemplar deu um enorme salto de qualidade e se tornou ardente lutadora contra a política burguesa de colaboração de classes da frente popular, liderada pelo PT.

Condenou o massacre imperialista contra o Iraque e o Afeganistão. Seu internacionalismo a colocou com destaque na campanha para libertar Mumia Abu Jamal, onde o Sepe marcou presença histórica ao realizar a primeira greve anti-racista deste gênero.

Ainda na luta contra as opressões, erguendo bandeira contra a exploração da mulher defendendo como por exemplo o direito ao aborto. Ademais, seu forte conteúdo classista e étnico fez aprovar em assembléias importantes do Sepe moções contra a liderança da invasão de tropas brasileiras no Haiti através da MINUSTAH, onde seu grande talento de artista poeta escreveu versos indeléveis os quais foram publicados no sitio do Sepe.

Sua longa e exemplar conduta militante nos remete ao versos do poeta comunista Bertold Brecht:

“Há homens que lutam um dia, e são bons
Há outros que lutam um ano, e são melhores;
Há aqueles que lutam muitos anos, e são muito bons;
Porém há os que lutam toda a vida,
Estes são os imprescindíveis.”

LQB e Comitê de Luta Classista


Marília (no centro) na passeata do Sepe-RJ em abril de 2008. (Foto: Vanguarda Operária)

Prelúdio para Jamal
Por Marilia Machado

Você é a luta de todos nós:
dos que já se foram
e dos que ainda virão.

A essência da liberdade
buscando a libertação
É quem vive no Brasil
ou em qualquer outra nação.

A dor de quem é escravo
num mundo de tantos senhores,
das vítimas de tantos horrores
no campo, cidade ou favela.

É aquele que escreve a história
com força e convicção.

Um herói sem fantasias
que não serve à alienação,
a voz que não quer calar
diante de tanta opressão,

um desejo de justiça,
um clamor do coração.

Você é um grito na garganta
de cada negro que chora,
de cada humano marcado
pelas torturas do mal.

Você é paz, às vezes guerra.

Você é MUMIA ABU JAMAL

(poema publicado na edição especial do boletim do Sepe-RJ, abril de 2008)


Haiti: Duzentos anos de dor
Por Marilia Machado


Mais  de duzentos anos
de dor,  clamor, desalento.
Mais de duzentos anos
de luta, horror  e tormento.

Mas também foram dois séculos
de vitória da resistência,
de superação da existência,
de força e soberania.

A guerra mais implacável,
tão difícil de vencer,
é contra o preconceito
e a cruel burguesia,

que vindo de todas as partes,
exercendo a tirania,
massacra, fere e oprime,
disfarçada de “missão”.

E fingindo que quer paz
pune, do povo, a “ousadia”
de fazer  revolução.

Lá,  a paz se pinta de preto,
da cor de um povo lindo,
que luta e vai conseguir.

E então,  libertará 
o belo  sorriso preto
da  querida infância preta
que vive no Haiti;

a grande alegria preta,
da juventude preta,
que vive no Haiti;

a  felicidade preta,
das  pretas e pretos de garra
que vivem no Haiti.

Quero, que logo aconteça
a nova revolução
reerguendo o Haiti,
pois um pedaço de mim
também sobrevive  ali.


(poema publicado no blog do Sepe-RJ, fevereiro de 2010)


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